sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Parece que há um novo hobby entre alguns bloggers da nossa praça. Se bem entendi, consiste em passar horas a fio aos balcões das livrarias e esperar que um cliente menos familiarizado com o mundo das letras diga uma calinada qualquer no momento em que pede informações sobre o nome do livro, do autor ou, até, da editora - os três em simultâneo será um jackpot. Uma vez detectada a asneira, o blogger corre para o computador e pespega o episódio no respectivo blog, partilhando com os seus pares a triste - mas divertida - cena a que acabou de assistir.
A questão já não é, portanto, saber se a populaça lê ou deixa de ler. O que importa agora, e dá gozo, é distinguir o leitor banal do erudito, nomeadamente na clareza e na exactidão com que um e outro - o burro e o sabedor - se referem à Obra. Eu próprio, devo dizer-vos, e apesar de não dominar bem a coisa, já aderi também a este novo passatempo. Ainda no outro dia, na Bertrand do Amoreiras, e depois de uma meia dúzia de horas a passear por lá, à coca, observei um sujeito chegar-se perto do empregado e perguntar-lhe se tinham à venda o Volume IV da História de Portugal sobre a Monarquia Feudal, do José Mattoso. Assim mesmo: "o Volume IV". Obviamente, fiz um enorme esforço para não desatar a rir porque, como muito bem sabem, o Volume IV é sobre o Antigo Regime; o II é que é sobre a Monarquia Feudal! E até aposto que o ignorante disse 'Mattoso' convencido que é só com um 't'.